02 novembro 2006

Relato do Camboja

Oi Turma....
Enfim o mundo nao é só alegrias.....
Recebemos alguns dias atrás o relato abaixo do amigo Silvio sobre o trabalho que realiza no Oriente com sua família. Como sabemos que todos que acompanham nosso blog sao amigos, resolvemos compartilhar essa dura realidade, pois apesar de estar do outro lado do mundo, está cada vez mais próxima de nós. Também já tivemos a oportunidade de visitar sua casa, sua família e as meninas do Nepal e sabemos da importância de suas realizaçoes. Mais que superar-se, conquistar objetivos e ir além da prórpia capacidade eles têm a força de ajudar ao próximo e fazer disso seu objetivo de vida.



"Queridos Amigos,
Obrigado pelos que oraram pela minha viagem ao Camboja em 26 de setembro, conforme pedi em e-mail circular naquela data. Peço licença para relatar alguns pontos da viagem:
A Tailandia foi a conexao para o Camboja e Myanmar (antiga Birmania), passei por Bangkok 3 vezes no espaco de 12 dias e pude perceber varios aspectos da prostituicao infantil, que denuncia a Tailandia como um dos piores lugares na Asia nesse mal.
Na Birmania (em que fiquei somente entre os dias 4 a 6 de outubro) pude conhecer varios aspectos da cultura local, as comidas exoticas eram as mais variadas e interessantes.
Mas o Camboja era meu alvo principal e pude ficar ali alguns dias, deixando lá um trabalhador cambojano estabelecido para buscar os caminhos legais para estabelecimento de uma casa de acolhimento de meninas ja em janeiro de 2007. O nome dele é Tin, por favor, ore por ele, ele nos foi indicado pela Marcia Real, brasileira da JOCUM, que trabalha no Camboja. O Camboja foi vitima do maior genocidio da historia pós-Hitler, onde entre 1 milhao a 2 milhoes de cambojanos foram dizimados pela politica de re-educacao do general Pol Pot, homem que governou o Camboja debaixo do regime do Khmer Vermelho na decada de 70 (assista ao filme "Os Gritos do Silencio" em Portugues ou "Killings Fields" em Ingles, que trata do assunto). Esse genocidio marcou profundamente a alma dos cambojanos. Visitei a escola S21, transformada em centro de tortura do regime do Khmer Vermelho e visitei tambem um dos campos de fuzilamento ao redor da capital, ambos locais hoje transformados em memoriais e museus, que expoe milhares de esqueletos dos que foram assassinados durante o cruel regime de Pol Pot.
Sobre o trafico infantil no Camboja, nós temos uma materia chamada "Vende-se Inocencia" da revista Selecoes (edicao em Portugues de junho de 2005) que fala das 20 mil meninas na media de 15 anos que estao na prostituicao na capital Cambojana (eu tinha escrito 15 mil no e-mail antes da viagem, mas depois chequei que a revista diz 20 mil meninas) e pesquisando a respeito do assunto, cheguei pensar que havia certo sensacionalismo e exagero em torno do assunto, que chega a mostrar que alguns pagamentos da prostituicao no Camboja sao feitos em cabritos nas vilas, sem o uso de dinheiro. Mas o que vi foi muito pior: num dos hoteis que fiquei, na mesa ao lado da cama, tinha o menu de servicos do hotel, onde oferecia meninas para programa como algo normal, como se eu pedisse uma Coca-Cola no quarto. Em outro hotel, os funcionarios a toda hora ofereciam meninas para programa, era um assunto comum para eles, algo tido como absolutamente normal.
Mas o pior eu vi num certo dia em que o ricksha que usei nos meus dias em Phnon Penh (um taxi, tipo carroça puxado por uma pequena motocicleta) me levou  a um prostíbulo onde varias meninas foram colocadas à minha disposicao numa sala com varias cadeiras para os clientes sentarem e escolherem alguma delas e das 8 que estavam ali sendo oferecidas como mercadorias, creio que somente duas tinham mais de 18 anos, outras 3 delas talvez tivessem de 14 a 16 anos cada e 3 delas eram praticamente criancas, creio que não mais de 12 anos. Eu olhei nos olhos de cada uma delas profundamente, queria dizer que nao era mais um cliente em busca de um programa, mas sim um instrumento do alivio e socorro que Deus estava enviando, mas nao conseguia me expressar...eu nao falava o idioma cambojano (Khmer), o gerente do bordel estava ao meu lado enaltecendo em Ingles as qualidades delas e eu estava em choque, sem voz, sem acao...Fui sabendo que talvez veria isso, mas nao esperava ver da forma como eu vi. Creio que nunca estamos preparados para um momento desse. Sai do lugar chocado, sem acao, me sentindo impotente e pequeno diante daquele quadro. Nos dias seguintes, creio que debaixo de uma direcao de Deus que me impeliu a fazer alguma coisa, estabeleci o Tin no trabalho de pesquisa dos documentos e com isso demos o primeiro passo para abrirmos uma casa em Phnon Penh para abrigar algumas dessas criancas. Contudo, nao sabemos como isso acontecerá, mas temos fé que Deus há de abrir todas as portas. Vamos caminhar em fé. Ao voltar ao Nepal, recebemos um grupo que veio do Brasil com o Pr Jose Rodrigues da MCM, compartilhei o que vi e recebi apoio em relacao a abrirmos uma casa no Camboja. "Senhor, confirma a obra de nossas maos" - (Salmos 90:17). A cena das criancas sentadas em meu redor esperando a escolha nao sai de minha mente desde entao...
Silvio
Silvio, Rose, Davi, Asha e Meninas do Nepal"

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