20 novembro 2006

Picos de Europa

Chegamos próximo a Sotres quase as 16h, já um pouco tarde para subir e agilizamos o mais rápido possivel para ir até o Refúgio Urriellu. O Eneko conseguiu para nós a estadia no refúgio pois é muito amigo do responsável. Com as mochilas carregadas de equipo e comida para 5 dias demoramos 3 horas para chegar a 1960m, altura onde está o refúgio que é bem na base do "Picu Urriellu" ou "Naranjo de Bulnes". Na realidade o nome oficial é Picu Urriellu (2515m), mas é muito conhecido como Naranjo, pois a face norte é de uma pedra calcárea alaranjada, e Bulnes é o povoado logo abaixo do pico. Chegamos já após anoitecer e fomos recebidos pela pessoa que está cuidando do refúgio agora no inverno, o amigo do Eneko subiria somente no dia seguinte. Estamos com sorte pois nesta época no ano passado nos falaram que já tinha 2 metros de neve na porta do refúgio... assim sao as temporadas atípicas.
Arrumamos nossas coisas e preparamos o jantar, daí a má notícia... alguem telefonou para avisar que tinhamos esquecido as luzes do carro acessas... bem terminei de comer e resolvi voltar até o carro. Levei 50 mim descendo correndo e mais 1h45min subindo, no frio e cansado cheguei de volta ao refúgio à meia noite e o carro totalmente sem bateria, nao acendeu nenhuma luz.
Na manha seguinte fomos à face sul para fazer a via mais frequentada do Picu e ao mesmo tempo conhecer o rapel que é feito por esta mesma via, a Sur Classica que foi conquistada em 1944 pelos Irmaos Martinez. Sao 150m de escalada de IV grau e mais uns 15 minutos de trepa pedra até o cume. Assim chegamos ao cume do Naranjo de Bulnes que tem vista para os Picos de Europa e para o oceano Atlântico, que por aqui é chamado de mar Cantábrico. Estava um pouco frio mas ao sol e sem vento bem agradável para escalar.
A conquista do Naranjo foi em 1904 começando pela face Leste e terminando pela Norte. Dois sujeitos, Pedro Pidal e Cainejo, subiram por uma sequencia de rampas e por fim uma chaminé até o cume, descalços e com uma corda amarrada na cintura, em uma via que hoje é graduada em V grau. E o mais difícil é que nao rapelaram mas destreparam a via de subida. Uma verdadeira odisséia para a época, dizem que Cainejo durante a baixada exclamou: "Meu Deus foi por aqui que subimos??". Dois anos mais tarde em 1906 aconteceu a segunda ascençao ao Picu, desta vez um alemao escalou em solitário por uma fissura até a mesma repisa dos conquitadores e seguio pela mesma chaminé até o cume. Desta vez rapelou pela face Sul e colocou os primeiro grampos de fenda no calcáreo do Urriellu. Enfim mais de 100 anos de escaladas em um lugar maravilhoso com uma rocha magnífica.
No segundo dia por lá fomos à via Nani (350m, V+) na face sudeste, escalada do tipo aventura, sem nenhuma chapa no caminho e uma ou outra parada com pitons. Algo do estilo "Salinas" um pouco exposto e fácil de se perder em um mar de rocha. Desta vez chegamos ao cume oriental, na realidade sao dois cumes, o Ocidental mais alto e o Oriental um pouco mais baixo.
O Eneko tinha nos dado uma lista das vias mais recomendadas para fazer e fomos assim seguindo seus conselhos. No terceiro dia resolvemos mudar de face e fomos para a Oeste. Saimos mais tarde pois o sol só chegaria na parede lá pelas 14h. Começamos escalar as 12h a via Sagitário (250m, 6b). Nos croquis tinha uma recomendaçao para "ir sobrado de grau", fiquei um pouco receoso, mas enfim, o melhor é conferir. A via é extraordinária, extremamente vertical, com 2 barrigas, uma de 6a e outra de 6b e uma oposiçao de 6a+, o resto é V+ exposto. Por isso a recomendaçao de ir com o grau mais à vontade. Foi uma das melhores vias que escalamos aqui na Espanha. O ruim é que escalamos 4 cordadas na sombra e foi de congelar os dedos e o sol só chegou as 14:40h e com uma névoa fina e nao esquentou nada, quase congelamos na parede.
Tiramos o próximo dia de folga e para descançar caminhamos até outra montanha para ter um visual do Picu de longe. Fomos à Punta la Pardida (2596m), foram 6 horas para ir e voltar. No quito dia voltamos à face Leste da parede para escalar a via Amistad con el Diablo (250m, V+), só que o tempo começou a dar sinais de mudança e o vento foi muito forte durante a escalada e o sol nao esquentou. Ao voltarmos para o refúgio vimos que a previsao era de neve para dalí 2 dias e resolvemos baixar na manha seguinte.
A estadia no Naranjo de Bulnes foi realmente nota 1000... e ainda ganhamos comida de outro espanhol que estava por lá e ao ir embora nos deu muita coisa. O resultado é que descemos com o mesmo peso que subimos, mas cavalo dado nao se olha os dentes....
Bem, chegamos no carro e o tal probleminha com a bateria... empurramos ladeira abaixo e nada de funcionar, a bateria nao tinha nem sinal de carga. Por sorte encontramos um senhor local que tinha um carro e com as ferramentas trocamos as baterias e conseguimos arrancar. Esta tarde dormimos em uma praia do Cantábrico próximo a Bilbao e na manha seguinte fomos visitar a cidade.
Em Bilbao fomos direto ver o Museu Guggenheim, uma construçao vanguardista ao lado do Rio Nervión. O edificio é parte revestido com pedra calcárea e parte revestidado de placas de titânio de 0,5mm de espessura. Realmente impressionante, dizem que projetado para durar 100 anos, na minha opiniao vai durar muito mais...No lado de fora do museu está uma aranha feita de aço que esteve na Bienal em Sao Paulo uns anos atrás, muito bonita e está em um lugar previlegiado.
Voltamos a Vitória e jantamos com Endika um amigo dos amigos de Valencia e partimos em direçao a Navarra, mas precisamente Etxauri. Agora estamos em Pamplona, capital de Navarra e logo escreveremos o que há por aqui. Ontem encontramos Eneko e Iker e se o tempo melhorar vamos escalar....

Um comentário:

Anônimo disse...

carammmmmmmmba!!!! qué invidia tengo, pues estoy todo el tiempo por madrizzzzzzzz!!!!!!!!!!!!!!
bao.. a ver se nos encontramos em outro por do sol deste, para subir nas pedras pessoar..

Abracos e cuidem se por aí

AlexandreSassa